sábado, 7 de abril de 2012

Páscoa


“A nova vida”

O mistério Pascal é a base, e o fundamento de todo o seguimento de Jesus. Sendo que o que constitui este mistério Pascal são a morte e Ressurreição de Jesus juntas. Para vivermos mais intensamente aquilo que sustenta, a base de nossa fé, é necessário de nós uma preparação. Por isso, a nossa santa Igreja nos propõe o período da Quaresma, um tempo em que a Igreja se utiliza da cor litúrgica roxa para nos lembrar dos sofrimentos, da morte e do sepultamento de Jesus; e também da necessidade da mudança de vida, da conversão e da penitência. Este tempo nos prepara para a Páscoa que é a grande festa da Igreja (e o que fundamenta a nossa fé cristã).
            A celebração da Páscoa já era realizada pelos judeus antes da vinda de Jesus (vale aqui ressaltar que Jesus também era judeu) e representava a comemoração da libertação do povo de Israel da terra do Egito. A Páscoa de Jesus (sua morte e Ressurreição) acontece exatamente no período em que os judeus celebravam a sua páscoa, dando a esta um significado de “libertação definitiva”. Libertação esta trazida pelo próprio Cristo que mesmo sendo Filho de Deus foi sacrificado como cordeiro (oferecido pelo Pai). Jesus veio para tirar o pecado do mundo e nos dá a garantia da Terra Prometida, só que não como os judeus (um espaço físico), mas a Terra Prometida que é a felicidade da vida Eterna na Trindade Santa.
            A Páscoa de Jesus vem nos mostrar que todos os homens caminham em direção a Deus. E o encontro com Jesus Ressuscitado é que dá o fundamento da fé dos discípulos (seus seguidores; e nós os cristãos, até os dias atuais). Antes que Jesus tivesse sido ressuscitado pelo Pai, os seus discípulos ainda não conseguiam compreender o verdadeiro significado de sua pessoa e de sua obra. Não compreendiam plenamente os ensinamentos de Jesus (muitas vezes Ele era visto como um profeta “escatológico do Reino de Deus”). Quando Jesus morre na cruz eles se envergonharam (Lc 24,21). A cruz de Jesus, como nos diz São Paulo (1Cor 1,17-25), era um escândalo, era considerada uma maldição (Gl 3,13; Dt 21,23). E esta cruz deveria ser ultrapassada, e isto só aconteceu com a Ressurreição de Jesus. A Ressurreição dá novo ânimo aos seus discípulos (na fé e no caráter comunitário), pois já se encontravam desanimados após a sua morte. A lentidão em crer em Jesus após a sua morte (como por exemplo, Tomé), demonstra a visão limitada dos seus quanto aos seus ensinamentos (quanto a sua Ressurreição), que foi superada somente com a ressurreição.
            O fato do Filho de Deus ter sido ressuscitado pelo Pai é totalmente diferente dos casos de ressurreições anteriores realizadas pelo próprio Jesus (como por exemplo, a ressurreição de Lázaro). A Ressurreição de Jesus é realizada pelo Pai de forma definitiva e não como nos casos anteriores que os ressuscitados tinham apenas um retardamento de suas mortes. A morte no caso do Filho de Deus, não foi o fim  pois ele vive para além da morte. Com a sua Páscoa fica para nós afirmado que a morte não tem a última palavra em sua vida, pois Jesus a venceu, e com o vencimento da morte, Ele proclama a sua autoridade e seu reinado sobre toda a história e sobre o Universo.
            Com a Ressurreição de Jesus pelo Pai dá-se o surgimento de uma nova humanidade (2Cor 5,17). E Jesus é o novo Adão (Rom 5,12-20), que dá origem a esta nova humanidade. Ele é o Primogênito (o primeiro) dentre os mortos (1Cor 15,12-28). O fato de ter ressuscitado dos mortos nos mostra que a humanidade tem um ponto em comum, um ponto para onde todos os homens caminham que é a plenitude. Onde Deus será tudo em todos (1Cor 15,24-28).
            Jesus em sua vida assume a causa dos oprimidos e excluídos, luta e acompanha de perto aqueles que não tem voz e nem vez. Após ser crucificado Ele é ressuscitado pelo Pai e se torna a esperança daqueles que não tem mais esperança. Contemplarmos o Cristo Ressuscitado é contemplar a possibilidade dos homens e mulheres excluídos e marginalizados se realizarem plenamente, pois Ele assume a causa deles (em sua vida) e torna-se a grande esperança para todos os desesperados após a sua Ressurreição. Tornando-se a luz que ilumina a vida de todos aqueles que se encontram nas trevas.
                                                                                             Victor Bertulino da Silva
                                                                                                        Seminarista

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