Certa vez um homem
ficou com pena de um menino que caminhava a pé à noite, por uma estrada
empoeirada. Aproximou-se e lhe prometeu dar uma bicicleta. “Mas o caminho é
muito escuro, disse-lhe o menino e tenho medo de cair!” “Então eu lhe darei uma
com farol.” No mês seguinte o presente
chegou. Todo feliz o menino queria ver a luz acesa. Apertou um botão, girou o guidão,
puxou uma corrente dela... e nada do farol acender. Então foi à casa daquele
homem para agradecer e reclamar. Agradecido
mas um pouco triste lhe disse que não conseguia acender o farol, quem sabe
havia um defeito nele. Então ouviu
aquele homem lhe dizer: “pedala que o farol acende!”
È isso aí! Só será
possível uma pastoral mais acesa, mais clara, quando se caminha, quando não se
fica contemplando o que se tem, mas quando em nossa Assembléia Pastoral,
Paroquial e Diocesana conseguirmos pedalar, pedalar, pedalar.
Auxiliando nessa
caminhada, acendo mais um fósforo, tentando uma luzinha a mais no caminho de
nossa Assembléia. A equipe diocesana de coordenação da pastoral pediu-me para
esclarecer alguns pontos ainda obscuros.
1) Nossos leigos e leigas têm não só o direito
mas o dever de falar, dar opiniões, apresentar TUDO TUDO que pensam sobre nossa Igreja Particular nessa
caminhada de Assembléia, mesmo aquilo que no momento atual da Igreja vai de
encontro a alguma norma , orientação ou lei. Única exceção é naquilo que se
refere à Lei de Deus.
O próprio Direito Canônico em seu último Cânon
diz que se deve seguir as determinações dos cânones, MAS a Lei Suprema na Igreja é a da salvação das
pessoas. Isto quer significar que o valor máximo em nossa Igreja é a pessoa
humana e sua salvação, que está acima de qualquer lei humana da autoridade eclesiástica.
2) Por determinação de Jesus Cristo a Igreja
Católica não é uma democracia, no sentido sociológico como entendemos atualmente, e portanto ela não pode aprovar
tudo o que o Povo de Deus deseja porque poderia ser talvéz uma infidelidade a seu Fundador.
3) Qual seria então a função específica de uma
Assembléia de Pastoral ? Os leigos dariam suas opiniões e a Igreja em sua
hierarquia tomaria o caminho que quisesse? NÃO ! O bispo e os presbíteros têm o
dever de escutar TUDO de seu povo e depois com a iluminação do Espírito Santo,
a visão da realidade global, o auxílio das ciências humanas e de suas assesso-rias,
decidir aquilo que for melhor para nossa Igreja no momento atual. “Provai de
tudo e guardai o que for bom” nos diz a Palavra de Deus.
Função específica de
todos no clima de Assembleia, é falar, falar, falar... dar aos nossos pastores
conhecimento do que está acontecendo na vida da Igreja e no mundo,tanto no
centro das avenidas quanto nas periferias dos bairros e da zona rural.
4) Juridicamente a Assembléia é de PASTORAL,
ela deve ajudar a traçar planos, diretrizes,
opções e prioridades pastorais
para os próximos anos. Não se trata de uma Assembléia LEGISLATIVA.
Alguns poderão dizer: “então pra que Assembléia,
se não poderemos mudar muitas leis?”
Uma primeira resposta: se os leigos (as)
ficarem calados serão responsáveis pela possível escuridão do caminho (caso da
bicicleta no início deste artigo) ... e se os pastores não escuterem e
ponderarem diante de Deus aquilo que ouviram do Povo de Deus para tomar as
decisões cabíveis, eles é que serão responsabilizados e julgados por Deus.
Uma segunda resposta: quase todas as decisões
tomadas até hoje nasceram das forças das palavras apresentadas pelas bases. Uma
árvore só cresce por causa do vigor de suas raízes.
O Concílio Vaticano II, um Concílio Pastoral, não
surgiu de cima para baixo, mas nasceu de um Santo, o Papa João XXIII, que soube
escutar o que vinha germinando nas bases, nas periferias do mundo e não só no
centro romano.
5) A Assembléia de Pastoral da Paróquia é o
organismo maior no qual se reúnem as forças vivas da paróquia; é o meio de
unidade, de co-responsabilidade e de comunhão; é um tempo para ouvir a Palavra
de Deus e escutar a voz do povo; é meio privilegiado, para garantir um processo
participativo, aberto a toda a comunidade.
Em resumo, é um tempo
de PEDALAR para o farol da bicicleta acender, afim de que se possa:
a) trocar idéias e propostas
b) definir prioridades
c) indicar pistas para futuras decisões pastorais.
Sendo a Assembléia o instrumento de construção
da comunidade eclesial, dela deverão sair e por ela passar os planos, a
organização dos serviços e dos diversos ministérios, a experiência de
fraternidade e de co-responsabilidade comunitária.
Com coragem,
alegria, e confiança vamos continuar pedalando para que o farol de nossa Igreja
possa iluminar cada vez mais os caminhos de nossa paróquia e diocese. “Vós sois
a luz do mundo”. Ela não pode ficar escondida, debaixo da cadeira, mas deve
estar num candelabro em cima da mesa para iluminar a todos que estão em casa.
José
Nacif Nicolau, pe. (assessor teológico-canônico)
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