domingo, 5 de agosto de 2012

ASCENDENDO MAIS UM FÓSFORO


Certa vez um homem ficou com pena de um menino que caminhava a pé à noite, por uma estrada empoeirada. Aproximou-se e lhe prometeu dar uma bicicleta. “Mas o caminho é muito escuro, disse-lhe o menino e tenho medo de cair!” “Então eu lhe darei uma com farol.” No mês seguinte o presente chegou. Todo feliz o menino queria ver a luz acesa. Apertou um botão, girou o guidão, puxou uma corrente dela... e nada do farol acender. Então foi à casa daquele homem para  agradecer e reclamar. Agradecido mas um pouco triste lhe disse que não conseguia acender o farol, quem sabe havia um defeito nele.  Então ouviu aquele homem lhe dizer: “pedala que o farol acende!”

È isso aí! Só será possível uma pastoral mais acesa, mais clara, quando se caminha, quando não se fica contemplando o que se tem, mas quando em nossa Assembléia Pastoral, Paroquial e Diocesana conseguirmos pedalar, pedalar, pedalar.                                                          
Auxiliando nessa caminhada, acendo mais um fósforo, tentando uma luzinha a mais no caminho de nossa Assembléia. A equipe diocesana de coordenação da pastoral pediu-me para esclarecer alguns pontos ainda obscuros.

1) Nossos leigos e leigas têm não só o direito mas o dever de falar, dar opiniões, apresentar TUDO TUDO   que pensam sobre nossa Igreja Particular nessa caminhada de Assembléia, mesmo aquilo que no momento atual da Igreja vai de encontro a alguma norma , orientação ou lei. Única exceção é naquilo que se refere à Lei de Deus.
O próprio Direito Canônico em seu último Cânon diz que se deve seguir as determinações dos cânones, MAS  a Lei Suprema na Igreja é a da salvação das pessoas. Isto quer significar que o valor máximo em nossa Igreja é a pessoa humana e sua salvação, que está acima de qualquer lei humana  da autoridade eclesiástica.

2) Por determinação de Jesus Cristo a Igreja Católica não é uma democracia, no sentido sociológico como entendemos  atualmente, e portanto ela não pode aprovar tudo o que o Povo de Deus deseja porque poderia ser talvéz uma  infidelidade a seu Fundador.

3) Qual seria então a função específica de uma Assembléia de Pastoral ? Os leigos dariam suas opiniões e a Igreja em sua hierarquia tomaria o caminho que quisesse? NÃO ! O bispo e os presbíteros têm o dever de escutar TUDO de seu povo e depois com a iluminação do Espírito Santo, a visão da realidade global, o auxílio das ciências humanas e de suas assesso-rias, decidir aquilo que for melhor para nossa Igreja no momento atual. “Provai de tudo e guardai o que for bom” nos diz a Palavra de Deus.
Função específica de todos no clima de Assembleia, é falar, falar, falar... dar aos nossos pastores conhecimento do que está acontecendo na vida da Igreja e no mundo,tanto no centro das avenidas quanto nas periferias dos bairros e da zona rural.

4) Juridicamente a Assembléia é de PASTORAL, ela deve ajudar a traçar  planos,  diretrizes,  opções e  prioridades pastorais para os próximos anos. Não se trata de uma Assembléia LEGISLATIVA.
Alguns poderão dizer: “então pra que Assembléia, se não poderemos mudar muitas leis?”
Uma primeira resposta: se os leigos (as) ficarem calados serão responsáveis pela possível escuridão do caminho (caso da bicicleta no início deste artigo) ... e se os pastores não escuterem e ponderarem diante de Deus aquilo que ouviram do Povo de Deus para tomar as decisões cabíveis, eles é que serão responsabilizados e julgados por Deus.

Uma segunda resposta: quase todas as decisões tomadas até hoje nasceram das forças das palavras apresentadas pelas bases. Uma árvore só cresce por causa do vigor de suas raízes.
O Concílio Vaticano II, um Concílio Pastoral, não surgiu de cima para baixo, mas nasceu de um Santo, o Papa João XXIII, que soube escutar o que vinha germinando nas bases, nas periferias do mundo e não só no centro romano.

5) A Assembléia de Pastoral da Paróquia é o organismo maior no qual se reúnem as forças vivas da paróquia; é o meio de unidade, de co-responsabilidade e de comunhão; é um tempo para ouvir a Palavra de Deus e escutar a voz do povo; é meio privilegiado, para garantir um processo participativo, aberto a toda a comunidade.
Em resumo, é um tempo de PEDALAR para o farol da bicicleta acender, afim de que se possa:
a) trocar idéias e propostas 
b) definir prioridades
c) indicar pistas para futuras decisões pastorais.

Sendo a Assembléia o instrumento de construção da comunidade eclesial, dela deverão sair e por ela passar os planos, a organização dos serviços e dos diversos ministérios, a experiência de fraternidade e de co-responsabilidade comunitária.

         Com coragem, alegria, e confiança vamos continuar pedalando para que o farol de nossa Igreja possa iluminar cada vez mais os caminhos de nossa paróquia e diocese. “Vós sois a luz do mundo”. Ela não pode ficar escondida, debaixo da cadeira, mas deve estar num candelabro em cima da mesa para iluminar a todos que estão em casa.

               José Nacif Nicolau, pe. (assessor teológico-canônico)

  

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