domingo, 5 de agosto de 2012

ASSEMBLÉIA ARQUIDIOCESANA DE PASTORAL


A complexidade da sociedade moderna, a emergência do mundo urbano com seus inúmeros desafios que, sem dúvida, repercutem na evangelização e desafiam a presença da Igreja no mundo, para que ela possa visibilizar o mais que puder o Reino de Deus, do qual ela é sacramento e instrumento, exigem cada vez mais que se dê a devida atenção ao Planejamento Pastoral Participativo.
É com este olhar que a Arquidiocese de Fortaleza realiza nestes dias (18 a 21.10.07), um evento importantíssimo, a sua 19ª. Assembléia Arquidiocesana de Pastoral, como parte de um longo processo participativo distribuído em três momentos (VER a realidade, JULGAR esta realidade com critérios emanados da Bíblia, do Magistério da Igreja, da reflexão teológica e da contribuição das ciências humanas e, na fase final destes dias, o AGIR, que recapitula os dois momentos anteriores, e define o Objetivo Geral e as Prioridades Pastorais que a Igreja de Fortaleza assumirá durante os próximos anos.
Referida Assembléia se reveste de grande importância.
Em primeiro lugar, é um instrumento de comunhão e participação, na medida em que tem uma identidade circular, pois reúne os membros da Igreja que estão mais comprometidos com a sua ação, para pensar e definir comunitariamente qual o rumo da Igreja por um determinado período.
Em segundo lugar, a Assembléia é convocada para recuperar, no atual contexto, a nossa grande utopia: o Projeto de Deus e o lugar da esperança num mundo marcado pela “pós-modernidade”, que diz não a qualquer perspectiva de futuro, a qualquer horizonte mais distante, e aposta no imediato. O que vale é o aqui e agora, a “ditadura do presente”. O Planejamento rompe com esta lógica e projeta um futuro desejável.
Em terceiro lugar, uma Assembléia como esta, com caráter eminentemente pastoral, tem a sua eficácia porque, ao definir o objetivo e escolher as prioridades, busca o que mais nos desafia na evangelização, no pastoreio. Com este planejamento afirmamos que nós, Igreja de Fortaleza, não estamos improvisando, sabemos o que queremos e, acima de tudo, se constrói comunitariamente um referencial comum a ser seguido por todos (Regiões Episcopais, Paróquias, Movimentos, Pastorais, Grupos, Associações e Novas Comunidades), além de ser conteúdo obrigatório de toda a Catequese. É evidente que se respeita a diversidade dos dons, distribuídos pelo Espírito Santo para a edificação da comunidade. Lembremos, no entanto, que o mesmo Espírito, que está na base da diversidade, é o grande artífice da unidade, da comunhão, da eclesialidade.
Por fim, vem um grande obstáculo! Parece que todo o esforço desprendido nesse processo, que se concretiza num programa de evangelização, ou seja, no Plano Pastoral, tem uma vocação - a gaveta. Muitos estudiosos do assunto já se debruçaram sobre esse aspecto tão negativo, que é o desprezo que se dá ao planejamento, e buscaram suas raízes. Acredito que na base de tudo estão o individualismo, conseqüentemente, a falta de senso de eclesialidade e, também, a ausência de mediações de monitoramento. Neste sentido, a responsabilidade é da Instituição e das instâncias responsáveis pelo processo de animação da Pastoral, em todos os níveis da Igreja.
Aqui temos duas opções: ou capitular diante do individualismo exacerbado da nossa sociedade, negando a tradição comunitária da nossa Igreja com fundamentação na TRINDADE, ou assumir esta tradição com toda sua autenticidade, negando o individualismo..Quando essa desvalorização do Planejamento e do Plano Pastoral acontece, cada um vai fazendo por si, com muito empenho e boa vontade, mas sem rumo, ao sabor do modismo, da improvisação, da repetição, ainda que se acredite na força de convocação da Igreja. O pior mesmo é quando se desconhece aquilo que foi construído com tanta dignidade.
Faço minhas as palavras do Pe. Agenor Brighenti: “Para crer no planejamento, é preciso que o comunitário seja mais forte que o individualismo”. Na Igreja, a arte do Planejamento vai além do seu aspecto puramente técnico. Baseia-se numa espiritualidade, numa mística, muito bem lembrada na Carta Apostólica NO INÍCIO DO NOVO MILÊNIO do Papa João Paulo II, quando trata da espiritualidade de comunhão, nº. 43: “Por fim espiritualidade da comunhão é saber ‘criar espaço’ para o irmão, levando ‘os fardos uns dos outros’ (Gl 6,2) e rejeitando as tentações egoísticas que sempre nos insidiam e geram competição, arrivismo, suspeitas, ciúmes. Não haja ilusões! Sem essa caminhada espiritual, de pouco servirão os instrumentos exteriores de comunhão. Revelar-se-iam mais como estruturas sem alma, máscaras de comunhão, do que como vias para a sua expressão e crescimento”.
Que nestes dias, estejamos atentos ao que o Espírito Santo diz à Igreja de Fortaleza.
* Pe. Almir Magalhães é Sacerdote da Arquidiocese de Fortaleza, Reitor do Seminário Arquidiocesano de Fortaleza – Filosofia.
DA – Superar pastoral de mera conservação.
Doc. 94

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