sábado, 25 de agosto de 2012

Carta do Bispo Diocesano sobre as Eleições



Com o início do Horário Eleitoral Gratuito no Rádio e na TV de todo o Brasil na última terça-feira, 21, além de acompanhar com atenção as propostas dos candidatos a prefeito e vereador, que tal conferir mais uma vez a carta oficial de orientação do Bispo Diocesano, Dom Célio Goulart, a respeito das Eleições 2012? 

"Aos Presbíteros, Diácono Permanente, Religiosos e Religiosas, aos Membros dos Conselhos Paroquiais, aos Fiéis Leigos e Leigas e a todo o Povo de Deus que se encontra na Diocese de São João Del-Rei, a minha saudação de paz e a certeza de que eu lhes quero muito bem como bispo, irmão e amigo. 
É na procura da concórdia, do entendimento e do desejo de que os Municípios que se encontram na região de nossa Diocese possam escolher com muita lucidez seus representantes como Prefeitos (as), Vice-Prefeitos (as) e Vereadores (as) nas eleições municipais de outubro próximo que envio esta Carta Pastoral para todos.
Nossa Igreja do Brasil, através da orientação dada pela CNBB, em abril passado, durante a Assembléia Geral realizada em Aparecida, como também nós, bispos do Regional Leste II, Minas Gerais e Espírito Santo, temos tido a preocupação de orientar nosso povo neste momento importante, por sabermos que o voto de cada pessoa vale muito para construirmos uma realidade melhor nos Municípios de nossa região. Sabemos que a política, exercida com honestidade e retidão, pode se tornar, para o cristão, uma forma sublime de exercer a caridade (CNBB, Doc 67, 2). Por isso, todo cristão é chamado a assumir este momento eleitoral com seriedade, ajudando os irmãos e as Comunidades Paroquiais e Eclesiais a um sério discernimento sobre a escolha de candidatos.
Cabe-nos a missão de conscientizar os cidadãos e cidadãs de sua responsabilidade de votar, e votar bem, tendo presente que seu voto não tem preço, tem conseqüências, e de escolher com cuidado seus candidatos. Que os candidatos sejam conhecidos e portadores de uma história de trabalho e iniciativas em prol do desenvolvimento da comunidade local, sobretudo dos mais pobres. Este momento também será oportuno para retomarmos a Lei 9840, de 1999, que define como crime a corrupção eleitoral e assumirmos, agora, a mobilização nacional, em vista do aperfeiçoamento dessa Lei de iniciativa popular.
A Igreja não exerce política partidária, portanto, não indica partido ou candidato durante as campanhas políticas. Porém, a Igreja, em seu discurso e ação defende a política do bem comum e a construção da democracia. “A Igreja tem o dever de oferecer, por meio da purificação da razão e através da formação ética, a sua contribuição específica para que as exigências da justiça se tornem compreensíveis e politicamente realizáveis”. “A Igreja não pode nem deve tomar nas suas próprias mãos a batalha política para realizar a sociedade mais justa possível [...]. Mas toca à Igreja, e profundamente, o empenhar-se pela justiça trabalhando para a abertura da inteligência e da vontade às exigências do bem” (Deus Caritas Est 27).
Nós louvamos e incentivamos os nossos irmãos leigos e leigas que, discernindo um apelo de Deus em suas vidas, dispõem-se a se candidatar a algum cargo eletivo e, assim procurar realizar mais eficazmente o bem comum. A Igreja do Brasil, através dos Documentos elaborados pela CNBB, procura passar importantes orientações sobre esta participação efetiva dos leigos e leigas no mundo da política. 
Lembro, ainda, que os leigos e leigas que têm uma participação mais efetiva em nossas Paróquias e Comunidades Eclesiais, tais como Ministros Extraordinários da Proclamação da Palavra e da Distribuição da Comunhão,  Coordenadores (as) de Conselhos de   Comunidades ou outras importantes funções nas Comunidades, que se apresentarem como candidatos (as) a cargos eletivos, que não usem de seus serviços eclesiais como meio de sua promoção eleitoral e que os Párocos e os Conselhos Pastorais Paroquiais decidam sobre a permanência ou o afastamento dos mesmos em seus serviços pastorais durante o tempo em que se transcorre a campanha eleitoral.
Somos conscientes de nossas responsabilidades neste momento eleitoral nos Municípios onde estamos como Igreja Particular de São João Del-Rei. Por isso insistimos na necessidade de nossa participação ativa, conscientizando a todos de sua responsabilidade de votar bem. Igualmente lembramos que todos vocês são responsáveis pelo bom clima que deve reinar durante este tempo, não permitindo divisões, brigas, desentendimentos em nossas Comunidades Paroquiais. O exemplo de nossa Igreja Católica nos Municípios seja para favorecer o crescimento de uma sadia cidadania que deve ser exercida por todos.
Ainda devemos pedir a todos que após as eleições tenham os corações abertos a oferecerem o perdão, caso tenham sido ofendidos ou caluniados. Os desentendimentos havidos deverão ser perdoados e todos procurem restabelecer laços de amizade e companheirismo.
No processo de uma verdadeira democracia que haja em nossos Municípios as Comissões de acompanhamento às ações dos Prefeitos (as) e Vereadores (as) que foram eleitos, para que exerçam com honradez seus mandatos e cumpram com transparência e fidelidade os compromissos assumidos em vista do bem comum, não permitindo benefeciar-se a si próprios ou a seus parentes e amigos.
Agradecendo a atenção e saudando a todos, com os votos de uma vida melhor para nossos Municípios, quero abraçá-los e lhes dizer que acreditamos que é possível um amanhã melhor pela participação de todos".

São João Del-Rei, 03 de julho 2012.
D. Célio de Oliveira Goulart,
Bispo Diocesano de São João del-Rei (MG)

Fonte: www.diocesedesaojoadelrei.com.br

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